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Metade Sul do Rio Grande do Sul: nova fronteira florestal gaúcha

A Metade Sul deverá constituir-se na mais nova fronteira florestal gaúcha desde que se utilize de sistemas silvipastoris (agricultura + plantação florestal) e/ou sistemas agrossilvipastoris (agricultura no início + atividades pastoris + plantação florestal).

Os sistemas silvipastoris normalmente são desenhados com espécies arbóreas ou arbustivas de rápido crescimento enquanto que os agrossilvipastoris tanto com essas espécies como com espécies de crescimento mais lento. Neste caso, faz-se agricultura junto com as espécies arbóreas e/ou arbustivas nos primeiros anos colocando-se os animais apenas quando o componente florestal estiver num desenvolvimento que não mais possa ser prejudicado pelos animais.

Várias são as vantagens dos sistemas silvipastoris ou agrossilvipastoris. 1. A criação de gado associada com o cultivo de árvores, além dos benefícios como conforto dos animais e conservação do solo, pode trazer ganhos provenientes da produção de madeiras numa área que antes somente produzia carne e/ou leite e couro; 2. A pastagem adequadamente arborizada pode produzir, em rotações de 14 a 20 anos, madeira para laminação e/ou serraria, além de madeira fina de desbastes sem comprometer a produção animal; 3. Junto com os benefícios diretos de produzir madeiras e de gerar empregos, os resultados de pesquisa demonstram que a forragem ganha qualidade para os animais pois pode aumentar teores de proteína bruta e, o solo também responde de forma favorável melhorando a fertilidade e eliminando a erosão; 4. Há um aumento na biodiversidade; 5. Marketing ambiental da produção pecuária e de seus produtos.

Certamente existem outros benefícios, muitos deles citados na literatura como os que se seguem: melhorar a economia das propriedades através da diversificação; fixar carbono; manter ou aumentar o crescimento das árvores; melhorar a produção de gramíneas de clima frio; permitir a produção de gramíneas de clima quente mediante um manejo adequado do dossel; ajudar no controle da erosão; aumentar a população de espécies de vida silvestre; prover sombra para os animais e com isto aumentar o ganho de peso, a produção de leite e de lã; melhorar a reprodução e melhorar a taxa de sobrevivência dos terneiros

Para estabelecer um sistema silvipastoril ou agrossilvipastoril a primeira coisa que se deve fazer é determinar se o solo que se vai usar pára o sistema é adequado para se fazer agricultura e/ou pecuária. Em seguida deve-se selecionar as espécies agrícolas e as espécies florestais considerando a compatibilidade entre as mesmas. Isto pode ser feito consultando técnicos do serviço de extensão rural e/ou consultando a literatura.

Feito isto, planeja-se um sistema de plantio que incorpore o plantio florestal em fileiras (simples, duplas ou triplas) distantes uma da outra de pelo menos 18 metros e um sistema de utilização de pasto com carga animal média, pois um pastoreio intensivo ou um superpastoreio pode danificar as árvores, principalmente no seu início de desenvolvimento. É interessante que técnicos e produtores avaliem sempre, em primeiro lugar, a possibilidade de utilização de espécies nativas de sua região ou de seu país. No caso da espécie florestal selecionada ser introduzida deve-se verificar se existe tecnologia para associá-la com espécies nativas arbóreas leguminosas. 

Autores:

  • Moacir José Sales Medrado - Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agricultura pela ESALQ/USP;
  • Renata Dantas Medrado - Engenheira Agrônoma, Mestre em Integração Lavoura e Pecuária pela UFPR;
  • Marcelo Ricardo Dantas Medrado - Engenheiro Agrônomo, em curso de especialização em geoprocessamento.

 

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